domingo, 8 de agosto de 2010

Coluna do Miguel Arcanjo nº 170

No primeiro debate, venceu o futebol

Por Miguel Arcanjo Prado*


Tudo bem, eu já sei que ninguém viu inteirinho o primeiro debate entre os candidatos à Presidência da República na noite da última quinta, na Band. Mas como os tempos são do controle remoto, é claro que todo mundo deu uma passadinha para conferir como o quarteto fantástico estava se saindo. O resultado foi único: uma dureza só.


Saudades dos tempos em que o debate era a própria representação do bem contra o mal. Como em 1989, com o barbudão Lula contra o mauricinho Collor. Os tempos da Nova República até davam ao telespectador o direito escolher, de acordo com suas faculdades mentais, quem era o bem e quem era o mal. Se bem que depois a Globo editou tudo e escolheu quem era o herói – que pouco tempo depois virou o vilão...

Na eleição atual a briga só esquenta quando entra na pauta a falta de carisma. Talvez seja por isso que o Plínio Arruda Sampaio, o candidato do PSOL, tenha sido o bamba do primeiro debate, figurando como o rei dos comentários no Twitter, a tal rede social na qual todo mundo sai falando o que bem entende. Com sua cara de duende mágico, Plínio não demonstrou vergonha alguma ao propagar seu pensamento político em desuso desde que os crimes de Stalin foram revelados. Mas pelo menos ele divertiu a plateia. Aliás, foi a única diversão.

Marina Silva, pobrezinha, foi a certinha de sempre quando o assunto era ecologia, mas faltou-lhe viço. Ficou lá em sua bancada, fraquinha, magrinha, toda corretinha. A representante do Partido Verde não renegou o passado petista, não atacou os tucanos. Só queria mostrar sua proposta cheia de boas intenções para um futuro sustentável para todos nós. Que bom, né?

Agora, quando a câmera chegou aos dois protagonistas da eleição, foi difícil saber quem tentava melhor esconder a alma de lobo sob a pele de cordeiro. Mas logo um deles se sobressaiu: o tucano José Serra, bem mais preparado para o jogo midiático do que a petista Dilma Rousseff.

A candidata de Lula mostrou que está a anos-luz do traquejo de Serra diante das câmeras. O ex-governador de São Paulo consegue fingir melhor ser simpático – se bem que a filha dele pediu que o político sorrisse mais. Dilma ainda está carrancuda, claramente desconfortável com essa história de maquiagem e falar para a câmera certa. Mas até que tentou, tadinha. Se não acertou, pelo menos não errou. O que já é um grande saldo.

O resultado de tanta falta de gosto foi o que aconteceu: míseros 3 pontos no Ibope para do debate presidencial, contra 31 do jogo entre Inter e São Paulo pela Libertadores, exibido pela astuta Globo. No primeiro debate, venceu o futebol.

******

É completamente estapafúrdia a Lei Eleitoral que proíbe os humoristas de fazerem piada com os candidatos. Agora, nem rir dos excomungados a gente pode mais. CQCs, Pânicos e Cassetas já anunciam uma passeata contra a censura que deve sacudir a praia de Copacabana no próximo dia 22. O Brasil está cada vez mais careta. E sem graça. Pobres de nós!

*Miguel Arcanjo Prado é jornalista e a favor do desbunde.

2 comentários:

Emiliane disse...

O PLINIO EH TUDDOOOOOOOOOOOOOOOOO

Anônimo disse...

O Plinio é tudo +1
kkkk

E viva a liberdade de expressão em todos os setores..até em época presidencial!

Abraço, seu Primo
Pedro Henrique