segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Crítica: Christiane Torloni é a loba da vez



Por Miguel Arcanjo Prado

Christiane Torloni é o tipo de atriz que mostra a que veio desde o primeiro minuto. Elegante por si só, tem aquela aura típica das divas das artes cênicas. Tal qualidade é percebida pelo espectador assim que adentra o teatro do shopping Frei Caneca, em São Paulo, onde ela está em cartaz com a peça A Loba de Ray-Ban, uma versão feminina do texto original de Renato Borghi já apresentado em 1987.

Na montagem dirigida por José Possi Neto, Christiane é Júlia, uma atriz de sucesso e dona de sua própria companhia. Apesar do êxito profissional, ela padece da solidão e busca incessantemente o amor – e também a própria juventude – em atores mais jovens que passam a trabalhar com ela.

Primeiro, ela se apaixona por Paulo Prado, um ator de 27 anos interpretado por Leonardo Franco, com ela quem fica casada por dez anos. Depois, é a vez de Fernanda Porto, uma atriz de 25 anos vivida por Maria Maya, chegar à companhia e arrebatar o coração de Júlia. Contudo, os dois a abandonam, provocando nela um rebuliço de loucura.

Como na Quadrilha de Drummond, na versão de 1987, Raul Cortez fazia o papel que hoje é de Christiane, ela fazia o que atualmente é de Leonardo e Leonardo fazia o papel que hoje cabe a Maria, que ainda era criança na primeira montagem.

E é na loucura que Christiane mostra seu talento lapidado desde a infância, passada nos palcos junto a seus pais. Apesar do humor do texto e de algumas situações de loucura extrema, a peça não deixa de ser um drama em que o público é posto a pensar na efemeridade e verdade das relações e amores dessa vida na qual a juventude se esvai tão cedo. Além da força inconteste de Christiane, Maria Maya também demonstra maturidade com sua Fernanda e Leonardo Franco colore com as matizes certas os distúrbios forjados de seu tão louco quanto Paulo.

Saiba mais sobre a peça aqui.

sábado, 21 de novembro de 2009

Negros do R7

No pós 20 de Novembro em que trabalhamos todos...



Da esquerda para a direita, os jornalistas: Débora de Lucas, Juliana Damasceno, Miguel Arcanjo Prado, Dayanne Mikevis, Mônica Ribeiro e Ribeiro e Dinalva Fernandes.

Foto: Diego Sapia Maia
Produção: Miguel Arcanjo Prado

domingo, 15 de novembro de 2009

Coluna do Miguel Arcanjo nº 162


O caso de Geisy Arruda e a hipocrisia nossa de cada dia

Por Miguel Arcanjo Prado*


Para Mara Manzan, querida atriz e mulher libertária que nos deixou na última sexta

Causa-me espanto ver pessoas próximas, supostamente inteligentes, modernas e descoladas, moradoras da maior cidade deste país chamada São Paulo, apedrejarem com todas as pedras, tal qual fariseus hipócritas, a estudante Geisy Arruda, aquela que foi expulsa da Universidade Bandeirante, a Uniban, em São Bernardo do Campo (SP), xingada de “puta” por colegas de cérebro atrofiado.

Há até os que condenam tal atitude selvagem dos estudantes diante da jovem, porém sempre emendam suas falas com um “mas...” cheio de argumentos falaciosos sobre o tal vestido curto que a moça usava como efeito provocador de sua desgraça pública. Quanta hipocrisia.

A mim pouco importa que Geisy seja uma garota de 20 anos que goste de provocar os homens, como há tantas neste país cheio de libido e conhecido no mundo todo por ela. Isso não diminui a violência que ela sofreu nem a justifica de maneira alguma.

Como se não bastasse, a selvageria dos estudantes chegou até a direção da tal “universidade” que decidiu expulsar a garota, talvez porque seja mais fácil punir a vítima solitária do que o bando de alunos que alimentam os cofres da instituição que provou ser tão vazia como o cérebro de muitos alunos que a frequentam.

Graças a meu bom Deus, não tive o desprazer de estudar na Uniban. Cursei metade de geografia e o curso inteiro de comunicação social na Universidade Federal de Minas Gerais, a minha agora ainda mais querida UFMG, onde, em dias quentes de verão, ia sem nenhuma culpa de short, camiseta e meu bom e inseparável chinelo havaianas.

Minhas colegas de sala usavam nos pés o mesmo calçado leve, com tops ou miniblusas que deixavam suas barrigas à mostra, e também minissaias que, por sua vez, deixavam suas pernas descobertas, como faziam na geografia minhas amigas, a loura brasileira Maíra Nogueira e a mulata cabo-verdiana Euda Miranda, duas das figuras mais inteligentes e dedicadas ao estudo em minha turma.

Nunca ouvi um chiado sequer sobre a barriga ou as pernas das garotas. Creio eu que tal coisa jamais seria tolerada naquele ambiente, no qual o importante era o conhecimento, não as tais “roupas adequadas”, que mais me lembram o velho e medonho discurso das reuniões das senhoras católicas em defesa de Deus, da família e da propriedade, de poucas e tristes décadas passadas.

Geisy e seu vestido mostraram a todo o Brasil como há hipocrisia e preconceito escondidos e prontos para vir à tona a qualquer momento entre nós. Diante deste caso, de sua repercussão e dos disparates diários sobre o não uso de “roupas adequadas” como justificativa silenciosa para a execração de uma mulher publicamente, tal qual romanos faziam com cristãos, me dá vergonha de pertencer à mesma geração que tais defensores da moral e dos bons costumes. Pobre de Geysi. Pobre do Brasil. Pobre de mim. Pobre de nós.

*Miguel Arcanjo Prado é jornalista, não suporta gente que não tenta rever seus preconceitos e acredita que as pessoas são muito mais, ou menos, do que vestem.

Foto: Julia Chequer/R7

sábado, 14 de novembro de 2009

Mara Manzan (1952-2009)



Acabo de ver Wilson de Santos e Marcelo Médici chorarem no palco do teatro Raul Cortez ao dedicarem a peça A Noviça Mais Rebelde à amiga Mara Manzan, que se foi nesta sexta-feira (13). Dia triste.

Emocionei-me com os dois e lembrei-me da vez que entrevistei Mara, uma semana após ela descobrir o câncer de pulmão de a levou.

Brava. Guerreira. Mulher de verdade, com cara de gente, como me disse hoje meu amigo Aguinaldo Silva. Como ela queria, seu corpo será cremado no Rio, neste sábado.

Saudade de Mara. Viva sua alegria!

Para ler a entrevista que fiz com ela clique aqui.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Coluna do Miguel Arcanjo nº 161



A verdade sobre Claudia Leitte e Alex Lopes

Por Miguel Arcanjo Prado*


O Dia de Finados saiu a contento para o repórter Alex Lopes, da TV Aratu, de Salvador. Depois de bater boca com Claudia Leitte na coletiva de imprensa que ela fez no último sábado, na Costa do Sauípe, ele fez chegar a meio mundo a notícia de que teria sido agredido pelo marido de Claudia, Márcio Pedreira.

Alex Lopes só se esqueceu de contar que persegue Claudia desde que a cantora despontou. E faz isso com ares obsessivos. Além do site Universo Axé, especializado em denegrir a imagem da cantora, Lopes tem até um canal no site YouTube com montagens de vídeos que difamam a loira.

Já perdi a conta de quantas vezes entrevistei Claudia ou fui a coletivas de imprensa promovidas por seu asssessor, Paulo Roberto Sampaio, que, registre-se aqui, é o mais amável e doce que conheci. Com esta larga experiência de falar com a cantora para veículos como a Contigo!, a Folha Online, o Agora ou mesmo o portal R7, nunca vi Claudia brigar ou destratar ninguém. Muito pelo contrário, a figura recorrente foi a de uma cantora gentil e educada com as pessoas que se aproximam dela. O mesmo digo de seu marido, Márcio.

O erro de Claudia foi ter sido tão verdadeira a ponto de tentar olhar nos olhos de Alex Lopes e dar oportunidade a ele de conhecê-la melhor. Claudia repetiu o erro que já havia cometido ao dar entrevista, grávida, para Léo Áquila, do TV Fama. Este colocou na boca da cantora a frase mentirosa de que ela seria homofóbica, diante de uma declaração dada em tom de brincadeira e da qual fui testemunha sobre uma possível orientação sexual de seu filho, então ainda na sua barriga. Fez-se o escarcéu.

Inocente mais uma vez, Claudia não percebeu que, ao deixar Alex Lopes entrar em seu terreno, estava se tornando presa fácil para o bote midiático com o qual o tal repórter sempre sonhara e que, hoje, todo o Brasil conheceu.

*Miguel Arcanjo Prado é jornalista e não gosta de quem passa por cima dos outros para se promover.