quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Melhores do teatro em 2009



Resolvi fazer minha lista dos melhores nos palcos de São Paulo no ano de 2009. Vamos aos vencedores:

Melhor ator

Sérgio Britto, por A Última Gravação de Krapp

Melhor atriz

Fernanda Montenegro, por Viver sem Tempos Mortos; e Cássia Kiss, por O Zoológico de Vidro

Melhor espetáculo drama

Viver sem Tempos Mortos, direção de Felipe Hirsch

Melhor espetáculo comédia

A Noviça Mais Rebelde, direção de Wilson de Santos

Melhor musical adaptado

Esta É a Nossa Canção, direção de Charles Randolph Wright.

Melhor musical nacional

O Primo Basílio, direção de Dan Rosseto.

Melhor figurino

Kalma Murtinho, por Gloriosa

Melhor cenário

Carla Berri e Paulo de Moraes, por A Inveja dos Anjos

Melhor autor

Jandira Martini, por O Eclipse, e Pedro Brício, por Cine-Teatro Limite

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Coluna do Miguel Arcanjo nº 163



DILU, GUTA E TELÉ

Por Miguel Arcanjo Prado*

De dissílabos bons são feitos três nomes pelos quais nutro paixão incomensurável. Três mulheres de personalidade forte e coração de tamanho descomunal fazem minha cabeça. Trio que me foi dado pelo jornalismo, profissão que escolhi.

Dilu Gomes é a figura que comanda o Cedoc da TV Globo Minas. Em meus tempos de estagiário por lá, corria ao centro de documentação para buscar fitas do telejornal MGTV para colocar as reportagens e, claro, as receitas do Terra de Minas na recém-criada Globominas.com. Dilu, sempre prestativa, me recebia com um enorme sorriso, mesmo diante das buscas de arquivo mais estapafúrdias. E sempre me apresentava novas aquisições da biblioteca do Cedoc: livros e DVDs que faziam minha alegria por horas de felicidade simples. Hoje, mesmo vivendo em São Paulo, Dilu continua presente, sempre fazendo observações pertinentes a esta coluna, da qual é leitora número um.

Certa vez, lisonjeado com a presença de Guta Nascimento em uma das concorridas festas de meu famigerado apartamento da avenida São João, disse que recebia um bastião do jornalismo. E falo isso sem nenhum pudor. Em meus tempos de estudante na Fafich da UFMG, o nome dela já estava estampado na minha lista de profissionais que admirava. Mulher da pá virada, Guta já rodou mundo produzindo algumas das melhores reportagens que você assistiu na Globo, no SBT e, agora, na Record. Tê-la como companheira de cafezinhos na cantina do seu Cícero, na sede da Record na Barra Funda, é prazer desmedido.

Outra colega de Record, Telé Cardim foi quem avisou Geraldo Vandré que sua Pra Não Dizer que Não Falei das Flores perderia o Festival Internacional da Canção para Sabiá, de Tom e Chico. Para isso, pegou um avião, sem sequer ter passagem, rumo ao Rio e cumpriu sua missão. Além dessa proeza, registrada de forma saborosa no livro obrigatório A Era dos Festivais, do meu colega Zuza Homem de Mello, Telé tem outras histórias que não acabam. Ela fez teatro no Arena, jogou biribinha no cantor Roberto Carlos, ouviu as primeiras composições de Chico Buarque apresentadas pelo próprio, foi mulher pioneira no telejornalismo e, sindicalista das boas, até enfrentou o ministro Gilmar Mendes por este ter cassado o diploma dos jornalistas. Atrevida que só, ela é garantia de riso, causos nostálgicos e energia viva todos dos dias.

Se eu peço algo para 2010 além de saúde e paz, é estar rodeado de gente do naipe dessas minhas três amigas de força inversamente proporcional ao tamanho do nome. Viva Dilu, Guta e Telé!

*Miguel Arcanjo Prado é jornalista, gosta de gente do bem e deseja a você um 2010 repleto de coisas maravilhosas.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Crítica: Christiane Torloni é a loba da vez



Por Miguel Arcanjo Prado

Christiane Torloni é o tipo de atriz que mostra a que veio desde o primeiro minuto. Elegante por si só, tem aquela aura típica das divas das artes cênicas. Tal qualidade é percebida pelo espectador assim que adentra o teatro do shopping Frei Caneca, em São Paulo, onde ela está em cartaz com a peça A Loba de Ray-Ban, uma versão feminina do texto original de Renato Borghi já apresentado em 1987.

Na montagem dirigida por José Possi Neto, Christiane é Júlia, uma atriz de sucesso e dona de sua própria companhia. Apesar do êxito profissional, ela padece da solidão e busca incessantemente o amor – e também a própria juventude – em atores mais jovens que passam a trabalhar com ela.

Primeiro, ela se apaixona por Paulo Prado, um ator de 27 anos interpretado por Leonardo Franco, com ela quem fica casada por dez anos. Depois, é a vez de Fernanda Porto, uma atriz de 25 anos vivida por Maria Maya, chegar à companhia e arrebatar o coração de Júlia. Contudo, os dois a abandonam, provocando nela um rebuliço de loucura.

Como na Quadrilha de Drummond, na versão de 1987, Raul Cortez fazia o papel que hoje é de Christiane, ela fazia o que atualmente é de Leonardo e Leonardo fazia o papel que hoje cabe a Maria, que ainda era criança na primeira montagem.

E é na loucura que Christiane mostra seu talento lapidado desde a infância, passada nos palcos junto a seus pais. Apesar do humor do texto e de algumas situações de loucura extrema, a peça não deixa de ser um drama em que o público é posto a pensar na efemeridade e verdade das relações e amores dessa vida na qual a juventude se esvai tão cedo. Além da força inconteste de Christiane, Maria Maya também demonstra maturidade com sua Fernanda e Leonardo Franco colore com as matizes certas os distúrbios forjados de seu tão louco quanto Paulo.

Saiba mais sobre a peça aqui.

sábado, 21 de novembro de 2009

Negros do R7

No pós 20 de Novembro em que trabalhamos todos...



Da esquerda para a direita, os jornalistas: Débora de Lucas, Juliana Damasceno, Miguel Arcanjo Prado, Dayanne Mikevis, Mônica Ribeiro e Ribeiro e Dinalva Fernandes.

Foto: Diego Sapia Maia
Produção: Miguel Arcanjo Prado

domingo, 15 de novembro de 2009

Coluna do Miguel Arcanjo nº 162


O caso de Geisy Arruda e a hipocrisia nossa de cada dia

Por Miguel Arcanjo Prado*


Para Mara Manzan, querida atriz e mulher libertária que nos deixou na última sexta

Causa-me espanto ver pessoas próximas, supostamente inteligentes, modernas e descoladas, moradoras da maior cidade deste país chamada São Paulo, apedrejarem com todas as pedras, tal qual fariseus hipócritas, a estudante Geisy Arruda, aquela que foi expulsa da Universidade Bandeirante, a Uniban, em São Bernardo do Campo (SP), xingada de “puta” por colegas de cérebro atrofiado.

Há até os que condenam tal atitude selvagem dos estudantes diante da jovem, porém sempre emendam suas falas com um “mas...” cheio de argumentos falaciosos sobre o tal vestido curto que a moça usava como efeito provocador de sua desgraça pública. Quanta hipocrisia.

A mim pouco importa que Geisy seja uma garota de 20 anos que goste de provocar os homens, como há tantas neste país cheio de libido e conhecido no mundo todo por ela. Isso não diminui a violência que ela sofreu nem a justifica de maneira alguma.

Como se não bastasse, a selvageria dos estudantes chegou até a direção da tal “universidade” que decidiu expulsar a garota, talvez porque seja mais fácil punir a vítima solitária do que o bando de alunos que alimentam os cofres da instituição que provou ser tão vazia como o cérebro de muitos alunos que a frequentam.

Graças a meu bom Deus, não tive o desprazer de estudar na Uniban. Cursei metade de geografia e o curso inteiro de comunicação social na Universidade Federal de Minas Gerais, a minha agora ainda mais querida UFMG, onde, em dias quentes de verão, ia sem nenhuma culpa de short, camiseta e meu bom e inseparável chinelo havaianas.

Minhas colegas de sala usavam nos pés o mesmo calçado leve, com tops ou miniblusas que deixavam suas barrigas à mostra, e também minissaias que, por sua vez, deixavam suas pernas descobertas, como faziam na geografia minhas amigas, a loura brasileira Maíra Nogueira e a mulata cabo-verdiana Euda Miranda, duas das figuras mais inteligentes e dedicadas ao estudo em minha turma.

Nunca ouvi um chiado sequer sobre a barriga ou as pernas das garotas. Creio eu que tal coisa jamais seria tolerada naquele ambiente, no qual o importante era o conhecimento, não as tais “roupas adequadas”, que mais me lembram o velho e medonho discurso das reuniões das senhoras católicas em defesa de Deus, da família e da propriedade, de poucas e tristes décadas passadas.

Geisy e seu vestido mostraram a todo o Brasil como há hipocrisia e preconceito escondidos e prontos para vir à tona a qualquer momento entre nós. Diante deste caso, de sua repercussão e dos disparates diários sobre o não uso de “roupas adequadas” como justificativa silenciosa para a execração de uma mulher publicamente, tal qual romanos faziam com cristãos, me dá vergonha de pertencer à mesma geração que tais defensores da moral e dos bons costumes. Pobre de Geysi. Pobre do Brasil. Pobre de mim. Pobre de nós.

*Miguel Arcanjo Prado é jornalista, não suporta gente que não tenta rever seus preconceitos e acredita que as pessoas são muito mais, ou menos, do que vestem.

Foto: Julia Chequer/R7

sábado, 14 de novembro de 2009

Mara Manzan (1952-2009)



Acabo de ver Wilson de Santos e Marcelo Médici chorarem no palco do teatro Raul Cortez ao dedicarem a peça A Noviça Mais Rebelde à amiga Mara Manzan, que se foi nesta sexta-feira (13). Dia triste.

Emocionei-me com os dois e lembrei-me da vez que entrevistei Mara, uma semana após ela descobrir o câncer de pulmão de a levou.

Brava. Guerreira. Mulher de verdade, com cara de gente, como me disse hoje meu amigo Aguinaldo Silva. Como ela queria, seu corpo será cremado no Rio, neste sábado.

Saudade de Mara. Viva sua alegria!

Para ler a entrevista que fiz com ela clique aqui.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Coluna do Miguel Arcanjo nº 161



A verdade sobre Claudia Leitte e Alex Lopes

Por Miguel Arcanjo Prado*


O Dia de Finados saiu a contento para o repórter Alex Lopes, da TV Aratu, de Salvador. Depois de bater boca com Claudia Leitte na coletiva de imprensa que ela fez no último sábado, na Costa do Sauípe, ele fez chegar a meio mundo a notícia de que teria sido agredido pelo marido de Claudia, Márcio Pedreira.

Alex Lopes só se esqueceu de contar que persegue Claudia desde que a cantora despontou. E faz isso com ares obsessivos. Além do site Universo Axé, especializado em denegrir a imagem da cantora, Lopes tem até um canal no site YouTube com montagens de vídeos que difamam a loira.

Já perdi a conta de quantas vezes entrevistei Claudia ou fui a coletivas de imprensa promovidas por seu asssessor, Paulo Roberto Sampaio, que, registre-se aqui, é o mais amável e doce que conheci. Com esta larga experiência de falar com a cantora para veículos como a Contigo!, a Folha Online, o Agora ou mesmo o portal R7, nunca vi Claudia brigar ou destratar ninguém. Muito pelo contrário, a figura recorrente foi a de uma cantora gentil e educada com as pessoas que se aproximam dela. O mesmo digo de seu marido, Márcio.

O erro de Claudia foi ter sido tão verdadeira a ponto de tentar olhar nos olhos de Alex Lopes e dar oportunidade a ele de conhecê-la melhor. Claudia repetiu o erro que já havia cometido ao dar entrevista, grávida, para Léo Áquila, do TV Fama. Este colocou na boca da cantora a frase mentirosa de que ela seria homofóbica, diante de uma declaração dada em tom de brincadeira e da qual fui testemunha sobre uma possível orientação sexual de seu filho, então ainda na sua barriga. Fez-se o escarcéu.

Inocente mais uma vez, Claudia não percebeu que, ao deixar Alex Lopes entrar em seu terreno, estava se tornando presa fácil para o bote midiático com o qual o tal repórter sempre sonhara e que, hoje, todo o Brasil conheceu.

*Miguel Arcanjo Prado é jornalista e não gosta de quem passa por cima dos outros para se promover.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Vem aí o filme Besouro...

Caros, vi, ontem, em São Paulo, uma sessão exclusivérrima do filme Besouro. Não gostei da companhia dos colegas da metida sala de exibição, no shopping Cidade Jardim, mas ameio o filme: vivo, colorido, brasileiro, tocante e inteligente.

Veja o trailer e marque na agenda: a estreia é em 30 de outubro!

Ah, meu amigo Daniel Martins, sociólogo dos bons, já fez sua análise sobre o filme (leia aqui!).

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Patrícia Vilela interpreta "Safo" no Satyros



A atriz Patrícia Vilela estreia nesta noite a peça "Safo", escrita especialmente para ela por Ivam Cabral, fundador do grupo Os Satyros. Quem dirige a montagem é outra integrante da trupe: Silvanah Santos. A peça fica em cartaz toda quinta, às 21h30, no Espaço Satyros Um (pça. Roosevelt, 214, Centro, São Paulo, tel. 0/xx/11 3258-6345, classificação 14 anos; R$ 30 - inteira - e R$ 15 - meia-entrada). O texto foi inspirado no poema "Safo ou o Suicídio", de Marguerite Yourcenar, e em Virginia Wolf. Na peça, Patrícia é Safo, uma bailarina moderna que vive entre Grécia e São Paulo. Para quem não sabe, Patrícia Vilela é atriz das boas. Em 2008, mostrou talento no palco ao lado de André Fusko, na peça "Sinceramante - Ou a Trágica História de Um Dono da Verdade", na qual interpretou uma menina que não sabia mentir.

(Foto de Laerte Késsimos/Divulgação)

Sandra Corveloni, melhor atriz de Cannes, volta ao teatro em "O Livro dos Monstros Guardados"

Por Miguel Arcanjo Prado



Estou impressionado com a qualidade artística que vi no palco do Teatro Imprensa nesta terça-feira (15), quando vi a estréia da peça "O Livro dos Monstros Guardados", na companhia dos amigos mineiros Daniel Martins e Tereza Cristina.

A montagem do Núcleo Experimental do Grupo Tapa dirigida por Zé Henrique de Paula, dá ainda mais poesia e cor ao belíssimo texto de Rafael Primot, que fala de ausências, pudores, amores, paixões, inseguranças e hipocrisia nossa de cada dia.

A peça integra o dedicado projeto Vitrine Cultural, encabeçado pela amante do teatro Cintia Abravanel, no Centro Cultural Grupo Silvio Santos, com curadoria dos coleguinhas Kil Abreu e Valmir Santos. Ainda há uma boa notícia para quem não tem grana. No primeiro mês de peça, o ingresso custa apenas uma lata de leite em pó, que será doada a quem precisa. Depois de 15 de outubro, passa a ser R$ 10 a inteira e R$ 5 a meia. Não dá para reclamar, né?

Ah, no elenco da peça está a melhor atriz do Festival de Cannes --coisa que não é para qualquer um-- Sandra Corveloni, que volta aos palcos após o sucesso mundial com o filme "Linha de Passe", de Walter Salles, e a sempre ótima atriz Patrícia Pichamone, de quem sou fã. Ambas excelentes em cena, é claro. O elenco ainda traz Daniel Tavares, Fabio Redkowicz, Fabrício Pietro, Luciano Gatti e Otavio Martins, todos com interpretações marcantes, cada qual a seu modo.

Está esperando o que para ir ao Imprensa assistir? Toda quarta e quinta, às 21h, na r. Jaceguai, 400, Bela Vista, São Paulo, tel. 0/xx/11 3241-4203.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Minha primeira vez no blog da Guta

Guta Nascimento, jornalista de quem sou fã de carteirinha desde meus primórdios em Belo Horizonte, realizou uma entrevsita com este vosso Arcanjo para a seção "A Primeira Vez" de seu famigerado blog Migrante Digital. Está esperando o que para clicar aqui e dar uma conferida?
Abração!

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Roberto Hirao, um exemplo de jornalista

Por Miguel Arcanjo Prado


Um dos meus grandes orgulhos nessa carreira chamada jornalismo, na qual estou há seis anos, é ter trabalhado na mesma redação que Roberto Hirao, em meus oito meses no jornal Agora São Paulo, do Grupo Folha, entre outubro de 2008 e junho de 2009.

Tenho uma baita satisfação em dizer que tomei vários cafés com o Hirao na cantina do 10º andar do famigerado prédio da Folha de S.Paulo, na alameda Barão de Limeira, e que fui um dos privilegiados em conferir as primeiras provas do livro “70 Lições de Jornalismo” (Publifolha, 216 pgs., R$ 29,90), que ele lança neste sábado, às 11h, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo.

O livro é bem simples e direto. Traz 70 colunas que Hirao publicou na Folha da Tarde, nos tempos em que foi ombudsman da publicação já extinta. Cada observação é mais do que preciosa. É um verdadeiro tratado sobre o jornalismo diário, sobre a verdade que cada repórter, editor e redator deve buscar para seu leitor.

O livro do Hirao não deixa de ser também testemunha de uma época importante de nosso país. Ele fala de Collor, de obras públicas na cidade e até do tetracampeonato da nossa seleção canarinho, na Copa de 94. Hirao é sábio na simplicidade de seu texto. Como ele é no dia a dia, coisa que muitos bons jornalistas desse país puderam conferir de perto. Como eu fiz.

Ah, para quem está por fora de quem é Roberto Hirao, aí vão algumas informações básicas: ele começou a carreira no extinto Última Hora. Em 1973, assumiu a editoria de cidades da Folha de S.Paulo. Na Folha da Tarde, foi editor e ombudsman. Atualmente, dá expediente diário como editor da primeira página do jornal Agora São Paulo.

domingo, 2 de agosto de 2009

Estômago


Por insistência de minha amiga Gabriela Quintela, vi, em DVD, o longa brasileiro "Estômago" (foto). Adorei. Ótimos atores, com destaque para o protagonista, João Miguel, roteiro amarradíssimo, bem humorado, enfim, um grande filme. Arrependi de não ter ido ver no cinema. Se você ainda não viu, corra na locadora e leve para casa sem culpa!

domingo, 12 de julho de 2009

Coluna do Miguel Arcanjo nº 160



Por Miguel Arcanjo Prado*
Foto de Ricardo Stuckert/Presidência


Enquanto muita gente espera sua morte, ele só pensa em vida. Bravo guerreiro e, antes de tudo, mineiro, segue em frente sempre com um ar que consegue dar a mistura perfeita entre altivez e humildade.

Zé, como quem gosta dele prefere chamá-lo, é homem de fé. Por isso está aí, lutando de pé sempre. Se eu tivesse que resumir tudo que penso sobre o vice-presidente da República, José Alencar, em uma palavra apenas, escolheria dignidade. Antes de tudo, ele é um homem digno.

Sua luta pública contra o câncer não faz ninguém ter pena dele. Muito pelo contrário, gera admiração profunda. Enquanto muitos homens públicos preferem esconder uma doença dessa magnitude até o fim, Zé faz de forma diferente: se expõe sem medo, com toda verdade possível. Ele jamais faz uso sensacionalista de seu estado de saúde, nem permite que outros façam isso. Age como um homem de preceitos e caráter irrepreensíveis faria.

Quando vejo Zé entrar e sair do hospital Sírio-Libanês, nas suas muitas internações ou cirurgias para retirada de tumores, sempre presto atenção na forma serena como conversa com os jornalistas, como conta o que lhe disseram os médicos, na ciência da figura pública e querida que é. Não se incomoda com as perguntas. Responde a todos com carinho de um pai. Também sempre faz questão de agradecer às muitas orações que recebe de conterrâneos como eu e também de gente de todo o Brasil.

Aprendi a admirar o Zé quando fui setorista da Vice-presidência, nos tempos de estagiário na reportagem da Globominas.com, o portal da TV Globo em Belo Horizonte, há três anos. Meu editor naquela época, o grande jornalista Paulo Valladares, me incumbiu de monitorar cada passo do vice-presidente. Ele foi a primeira personalidade da qual ocupei meu fazer jornalístico.

Aprendi a acompanhá-lo em seus feitos e declarações, muitas vezes vistas como insubordinação ao presidente Lula mas que, com o tempo, viraram marca registrada do Zé, sempre com o tom diplomático inerente aos mineiros. Acompanhei também as muitas internações, já que a luta do Zé contra o câncer é antiga. Ficava de olho nos boletins médicos e em sua recuperação.

Sempre quando ele se interna, muitos de meus colegas de profissão já pensam que será a última vez. Sempre rebato e digo, firme: fiquem tranquilos, porque o Zé vai sair dessa. Afirmo isso com a fé que ele mesmo, com sua atitude de vida, me ensinou a ter e manter. Vou com ele até o fim.

*Miguel Arcanjo Prado é jornalista e tem orgulho de ser mineiro como José Alencar, ou apenas Zé, como prefere chamá-lo.

sábado, 4 de julho de 2009

Coluna do Miguel Arcanjo nº 159

O Dois de Julho de Claudia Leitte

Por Miguel Arcanjo Prado*
Fotos de Thiago Teixeira/Divulgação


Só dá para entender a literatura de Jorge Amado quando se está na Bahia, terra com costume, linguajar e até civismo próprios. Não é só o requebrar autêntico dos baianos que encanta, mas a forma simples de ver a vida e decifrar o mundo que só aquela terra tem.

No último dia 2 de julho, a Bahia parou, como sempre, para comemorar sua independência do domínio português, alcançada nesta data, no ano de 1823, bem depois do famoso grito de Dom Pedro I às marges do Ipiranga. Como fez para escorraçar os lusitanos, o povo baiano ainda sai às ruas, com bandeirolas e fanfarras, sem deixar de dar um ar de mistério à festa, envolta no misticismo de personagens como o Caboclo e a valente soldado Maria Quitéria de Jesus. Na última quinta, os baianos tiveram um presente extra: o novo show de Claudia Leitte, "Sette", gratuito, em frente ao cartão postal de Salvador, o Farol da Barra.

A convite de Claudinha, saí de São Paulo na manhã do 2 de julho rumo a Salvador em um avião vôo abarrotado de ex-BBBs e que precisou até fazer pouso de emergência em Belo Horizonte, minha terra, por conta de um passageiro que passou mal. Mas, no fim das contas, todos chegamos sãos e salvos ao antigo aeroporto 2 de Julho, que ACM, sem consultar o povo, mudou o nome para Deputado Luís Eduardo Magalhãs, seu filho morto precocemente.

Logo após deixar a mochila no hotel, corri para a Barra. Era uma tarde quente, gostosa, e vi o palco grandioso em formato de concha com 20 metros de boca de cena, nove toneladas de luz, 20 toneladas de som e dez câmeras. Eu que havia deixado uma São Paulo cinza e fria, me alegrei ao me deparar com uma Bahia de céu sem nuvens e com aquele sorriso todo.

Pouco antes de o show começar, Claudia reuniu a imprensa no próprio Farol, para anunciar seu projeto futuro: uma carreira internacional. "Já estou falando inglês e espanhol fluentemente", contou. Também respondeu pela milésima vez como foi a internação do filho, Davi, que está muito bem, obrigado, e falou que Michael Jackson influenciou as coreografias do novo show bem antes de sua morte.

Do lado de fora, uma massa de cerca de 100 mil pessoas se aglomerava. Uma área em frente ao palco foi reservada a fãs inscritos previamente. Do outro lado da rua, o camarote recebia com requintes os mais abonados --entre os quais a penca de ex-BBBs. Mas a graça mesmo estava em ficar com o povo preto, em frente ao palco e longe do ar condicionado dos brancos, como diria minha colega jornalista Janaína Nunes. Mesmo sendo alvo de spray de pimenta da truculenta polícia baiana, do qual também não escapei. Enfim, às 19h40, tudo começou com o estouro de fogos de artifício.

Claudia surgiu acompanhada de 16 bailarinos e 13 músicos em clima de mistério medieval. Misturada entre os dançarinos, todos mascarados, o público só soube quem era ela quando tirou sua máscara. Dançou e cantou seus sucessos por duas horas a fio. Com a força, o vigor e a emoção de estar em sua terra, no meio de seu povo. Coisa que ela disse, visivelmente emocionada. E requebrou até não mais poder ao lado de Léo, do Parangolé, e Ed, do Fantasmão, seus convidados.

Apesar de declarar não ter religião, a cantora fez de Deus seu escudo junto ao público. Agradeceu a Ele o tempo todo, conclamou os fãs a se abraçarem e até chegou a brincar com tudo isso: "Estou parecendo uma pastora", disse. Se as coreografias explicitavam a fonte Michael Jackson, o figurino de Walério Araújo e Yan Acioli deixava Claudia bem parecida com uma Xuxa em seu auge, nos anos 80: bota de vinil até a coxa, tailleur de veludo, saia de tule, anca de metal. Tal qual uma princesinha do axé. Afinal de contas, Claudia é fruto disso tudo.

Bem-humorada, até brincou com a dita rivalidade com Ivete. "Se Ivete parir e o filho dela for menina, Davi vai pegar ela toda", disse, às gargalhadas. O povo foi ao delírio. Na boca do palco, eu só conseguia ver uma coisa: a autenticidade tão baiana desta cantora, simples como a sua gente, apesar do status de superstar, com o qual sabe lidar muito bem.

Enquanto Claudia comandava a massa, por um intante lembrei-me do dia em que ficamos amigos, há cerca de dois anos, em uma sessão que ela fazia no estúdio do fotógrafo André Schiriló, cujo making off acompanhei para a revista "Contigo!", ao lado da fotógrafa Silvana Garzaro. Lembro-me que, depois do trabalho, desligamos o gravador, rimos e falamos besteira durante toda aquela tarde. Coisa rara entre jornalistas e artistas. Como se diz na Bahia, o santo bateu, com aquela ligação de pertencemos a uma mesma geração --Claudia é só um ano e meio mais velha do que eu-- e enxergarmos a vida do mesmo modo. Foi isso que me passou pela mente enquanto o povo a aplaudia. Saí daquele show com a alma leve, diante da clareza, verdade e sinceridade de Claudia Leitte, tão exposta ali. Dádiva que poucos artistas conseguem ter.

*Miguel Arcanjo Prado é jornalista, afilhado de Zélia Gattai, fã de Jorge Amado, amigo de Claudia Leitte e não sabe quantas vezes já foi à Bahia. Para Mateus Schimith, ator e amigo capixaba, quase mineiro e novo soteropolitano, que me acompanhou neste show.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Claudia vive emoção da largada para nova turnê

Por Paulo Roberto Sampaio*

Será um show inesquecível, assim como o que levou quase um milhão de pessoas às areias da praia de Copacabana em fevereiro do ano passado. Dessa vez, a alegria invade o Farol da Barra, em Salvador neste 2 de Julho, Independência da Bahia. Um lugar especial, onde o horizonte, título da música de trabalho de Claudia, esconde um pôr-do-sol dos mais belos.

- Todos os compromissos associados à festança que vamos fazer no Farol da Barra, no próximo dia 2, estão me enlouquecendo. Ontem, quando cheguei de viagem, dei uma volta pela cidade e vi os outdoors e as placas que tomam conta do circuito do carnaval e anunciam o evento. Pode parecer bobagem pra vocês, mas eu fico emocionada quando vejo as coisas acontecendo... A estrutura do palco já está montada, as coreografias - acreditem coincidentemente inspiradas em Michael Jackson - estão lindas, o repertório afiado, os arranjos ricos e gostosos – assegura Claudia.

E cada detalhe da festa está sendo cuidadosamente traçado. Serão 9 toneladas de luz, 20 toneladas de som, mais de 1.000 KWA de energia e uma dezena de câmeras para filmar e documentar cada detalhe do mega-evento. O palco terá o conceito Orbit (em formato de concha) com 20 metros de boca de cena e revestido em material translúcido para poder aparecer o Farol da Barra atrás.

- Quando eu era criança adorava ir para o clube nos fins de semana. Eu e meu irmão costumávamos dar cambalhotas na piscina e, quando isso acontecia, eu chamava meus pais para assistirem aos saltos: "Olha o que sei fazer!" Estou me sentindo assim agora. Quero dar o melhor de mim para minha terra. Um salto no melhor estilo Maurren Magi – brinca ela, cheia de energia.

E Claudia prevê um show inesquecível, para o qual terá alguns convidados muito especiais:

- Convidei Leo, do Parangolé, e Ed, do Fantasmão, para "darem show" no Farol da Barra. Preparei um camarote especial para vocês e vou ter o privilégio de estar com meus melhores amigos e com minha família. Este salto vai ser duplo. Rs Já nem durmo direito, tamanha a ansiedade. Quanto ao DVD, já está sendo produzido. Selecionei a maioria das músicas, comecei a gravá-las e convidei artistas extraordinários para gravarem comigo. Vocês vão ter muitas surpresas. Eu já estou me surpreendendo – diz ela muito feliz.

O evento, além de celebrar a Independência da Bahia, marcará o lançamento nacional da nova turnê da musa baiana denominada Sette. Sete com dois “t”, assim como Leitte, de Claudia Leitte.

- Estou muito feliz por estar em casa. Fazer um show aberto ao publico é um presente que queria dar a mim mesma e a minha terra faz algum tempo. Planejávamos este evento para o ano passado, mas o adiamos. Agora ele irá acontecer uma semana antes do meu aniversario e, portanto, sinto-me realmente agraciada. Estou vivendo uma fase muito especial que, tenho certeza, antecipa grandes mudanças em minha vida e tanta felicidade precisa ser compartilhada com os meus companheiros, na minha casa, Salvador – diz Claudia.

A escolha do 7 para denominar a turnê mistura a busca pela perfeição e o desejo de imprimir um ritmo ainda mais eletrizante ao seu trabalho. Uma nova etapa após um começo arrasador na praia de Copacabana, no Rio. E para tanto, alguns elementos contribuíram decisivamente.

Claudia nasceu em julho, sétimo mês do ano. Seu nome tem sete letras: Claudia. Começou a despontar para a música no Babado Novo, numa banda à época formada por sete integrantes. Teve a confirmação que estava grávida no dia 7 de julho: 07/07. Gravou seu primeiro DVD solo, que marcou o início de sua carreira, no dia 17 de fevereiro, na praia de Copacabana.

Mesmo não sendo mística, admite que o sete seja um número marcante em sua vida e pretende fazer dele um símbolo, principalmente depois que descobriu que o sete é o número da perfeição e ela busca isso em tudo que faz. Sete são as notas musicais e a música está presente em cada instante de sua vida.

Sete são os pecados capitais – vaidade, avareza, ira, preguiça, luxúria, inveja e gula – e a todos condena, assim como sete são as virtudes – castidade, generosidade, temperança, diligência, paciência, caridade e humildade - e entre elas, exalta acima de tudo a generosidade e a humildade.

Ah, sim. Seu show começa às 7 da noite, é bom não esquecer.

*Paulo Roberto Sampaio é jornalista e assessor de imprensa de Claudia Leitte.

Festa de despedida do Agora

Apartamento da avenida São João, São Paulo, 25 de junho de 2009: o fatídico dia em que Michael Jackson morreu. Acabou recebendo homenagem.



De pé: Sérgio Carvalho, Marina Yakabe, Bruno Motta, Fabíola Reipert e Gabriela Quintela; Agachados: Rafael Carvalho, Mariana Garcia, Miguel Arcanjo Prado, Nany People e Mônica Ribeiro


Mônica Ribeiro, Nany People e Gabriela Quintela


Rafael Carvalho, Nany People, Bruno Motta e Miguel Arcanjo Prado


Gabriela Quintela, Alberto Pereira Jr, Miguel Arcanjo Prado, Fabíola Reipert, Felipe Cirelli e Rafael Carvalho


Fabíola Reipert


Sérgio Carvalho, Miguel Arcanjo Prado, Mariana Garcia e Fabíola Reipert


Miguel Arcanjo Prado e Gabriela Quintela


Miguel Arcanjo Prado e Marina Yakabe


Fabíola Reipert e Miguel Arcanjo Prado


Rafael Carvalho e Miguel Arcanjo Prado

domingo, 28 de junho de 2009

Coluna do Miguel Arcanjo nº158

Despedida

Por Miguel Arcanjo Prado*


Sou do tipo que odeia despedidas. Sabe aquele lamúrio sem fim de abraços e chororô? Estou fora. Já fiz muito, é verdade, mas vi que não vale a pena. Prefiro um até mais, a gente se vê em breve. Acho que tem que ser assim, sem tramas, sem dramas.

Na última sexta, vivenciei o partir ao deixar a redação do jornal "Agora São Paulo" e, por conseguinte, o Grupo Folha, após pouco mais de um ano de casa. Mudar de emprego às vezes é necessário, ajuda a crescer, a ficar maduro. Mas, mesmo quando a decisão de sair é sua, é difícil dar tchau àqueles que fizeram parte de sua vida de forma tão intensa, ainda mais em um jornal no qual se trabalha muitas vezes 12, 14 horas diárias. Tamanha intensidade acaba criando dependência mútua, fruto de uma relação de cumplicidade e, sobretudo, companheirismo.

Para coroar minha despedida, Michael Jackson resolveu morrer, de supetão, bem nos meus momentos derradeiros. Assim como eu, meu xará norte-americano não quis saber de sofrimento prolongado. De preparo anterior à morte. Simplesmente se foi. De uma vez só. Deixando todos nós atônitos diante da força que só a verdade da morte tem.

E, nós, jornalistas, tão boquiabertos como o resto do mundo, tivemos ainda que deixar nossos sentimentos de lado e correr de cara para o trabalho insano de fechar um jornal de acordo com a magnitude daquela notícia. E lá fui eu contar o triste acontecimento para a Glória Maria e depois correr para falar com a turma do Olodum... No outro dia, dá-lhe ligar para as lojas de disco e outras coisas mil...

No fim, eu, que sou tão apaixonado pela notícia, gostei de todo aquele frenesi. Sair trabalhando que nem um louco acabou não dando espaço para a tristeza, para os abraços chorosos. No finzinho daquela sexta, tirei minhas coisas da gaveta quase despercebido e caminhei para a vida.

Ps. O episódio da morte de Michael Jackson fez com que o jornalismo "metido a sério" fosse obrigado a olhar com respeito para o dito "jornalismo de celebridades" ou "de fofoca", já que o furo dessa notícia pertece ao site "TMZ", especializado no mundo dos famosos e tão desprezado por muitos até que provou ao mundo todo saber fazer um irrepreensível trabalho jornalístico, como qualquer outro, tapando a boca de muita gente grande.

*Miguel Arcanjo Prado é jornalista e segurou uma lágrima.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Novidade no SBT

Por Miguel Arcanjo Prado

O SBT estreia nova grade a partir de 6 de julho. Adianto dois novos programas: o game "Você Se Lembra?" (do formato internacional "Amnesia", que lembra o extinto de "Nada Além da Verdade"), apresentado por José Américo --José Luiz Datena Datena e Kelly Key já gravaram--, e "Só Falta Esposa", uma espécie de concurso de mulher querendo o bonitão do programa, que não vai ter apresentador. Queriam fazer "Só Falta Marido", mas as inscrições de homens foram fracas.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Coisas da TV


Eliana assina hoje com o SBT. Pelo menos foi o que ela prometeu a Silvio Santos. Roberto Justus já fez o mesmo na última sexta à noite. Enquanto isso, Theo Becker é atração no "Hoje em Dia" nesta manhã. Pelo menos assunto não falta nesta semana na televisão... Ah! Quando questionado porque ficou pelado no reality, Theo respondeu: "Estava me sentindo em casa".

Ps. A foto é do meu amigo Antonio Chahestian (Record), que é dos bons.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Crítica: "O Primo Basílio": aplausos para um musical

Por Miguel Arcanjo Prado



O musical “O Primo Basílio”, em cartaz no teatro Brigadeiro, em São Paulo, está arrebentando a boca do balão. Com elenco afinadíssimo, uma direção musical cuidadosa –sobretudo na escolha da trilha, que traz clássicos do começo da bossa nova–, feita por Dyonisio Moreno, e uma protagonista envolvente, a atriz Lígia Paula Machado, o musical é obrigatório para quem está em Sampa e curte teatro.

Lígia –que também produz a montagem com 11 atores e seis músicos, uma proeza!– interpreta Luisa, a protagonista da adaptação de Francisca Braga para o romance escrito por Eça de Queiróz em 1878.

Na montagem a história é transposta para o Rio dos anos JK, os tais Anos Dourados. No enredo, Luisa é a esposa dedicada de Jorge (Álvaro Franco). Mas tudo muda de figura quando Jorge parte para a construção de Brasília e ressurge Basílio (Luiz Araújo), seu primo da infância. Tanto Franco, que dá ao personagem o ar de homem digno dos anos 50, quanto Araújo, com seu ar cafajeste, atuam com primor. A empregada amarga Juliana é vivida com intensidade e talento por Isadora Ferrite, a antagonista do amor proibido entre Luisa e Basílio.

Taeko Tamai criou um belo figurino de época para o elenco, que atua sob a luz de Cizo de Souza. O coreógrafo Ivan Silva criou sequências esmeradas, como a do tango. Paula Capovilla preparou a voz do elenco. Um programa obrigatório para quem curte teatro benfeito.

O Primo Basílio - Sexta e sábado, às 20h30; domingo, às 19h. No teatro Brigadeiro (av. Brigadeiro Luís Antonio, 884, Bela Vista, tel. 0/xx/11 3107-5774). R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia para aposentados, acima de 65, professores da rede pública e classe artística). 16 anos. Até 6/9/2009.

Foto: Luiz Araújo e Lígia Paula Machado na envolvente cena na qual dançam tango. Divulgação

domingo, 14 de junho de 2009

Novo show do Caetano


Fui, ontem, ao novo show do Caetano, "Zii e Zie", que estreou no Credicard Hall. Só tenho uma palavra para definir o que vi: téeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeedio.

Foto: Rafael Andrade/Folha Imagem.

terça-feira, 9 de junho de 2009

"Gosto mesmo é de barraco", diz Aguinaldo Silva

Por Miguel Arcanjo Prado

Aguinaldo Silva polemiza em seu blog. O novelista escreveu que já entregou à Globo a sinopse da novela "Marido de Aluguel". Mas disse que só aceita o horário das oito. "Chiquerésimo como sou, não escrevo para horários menos nobres", postou.

Silva explica a razão do blog: "Estou novelista, mas sou mesmo, e sempre serei, jornalista. Na época de 'Duas Caras', pensava que o blog fazia sucesso por causa da novela. Mas, depois, ele bombou mais ainda. Neste momento, estou com média de mil comentários e 130 mil acessos por dia", vangloria-se.

Silva diz que o blog o faz se sentir "mais vivo e atuante que nunca". "Tudo o que escrevo repercute, geralmente, de modo escandaloso. E eu adoro isso, pois gosto mesmo é de um barraco, de um escândalo [risos]."


Foto de Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem

Publicado no Agora São Paulo em 9/6/2009.

Rita Lee ao vivo

Por Miguel Arcanjo Prado

A paulistana Rita Lee, 61 anos, não quer saber dessa história de ser lenda do rock. "Mito? Não tenho distanciamento de mim mesma para saber que papel ocupo nesse teatro", diz. No DVD que relembra seus 40 anos de carreira, "Multishow ao Vivo Rita Lee", a cantora demonstra a mesma atitude jovial que exibia quando apareceu, no 3º Festival da MPB da Record, em 1967, que também consagrou Gilberto Gil.

Na produção, Rita surge solta e próxima do público. Há momentos engraçados, como quando ela coloca um chapéu de cangaceiro, assume o triângulo e desconstrói a música dos Beatles "I Want to Hold Your Hand" na versão "O Bode e a Cabra". E também emocionantes, como na mistura de "Baby" com "Domingo no Parque", "Panis et Circense", "Bat Macumba" e "Alegria, Alegria", no arranjo que reverencia a Tropicália, movimento que a lançou.

Questionada sobre a razão de sua longevidade artística e de seus amigos Gil e Caetano Veloso, Rita brinca, com um fundo de verdade. "Será que é porque somos geniais?", devolve, gargalhando. E abre guerra à nostalgia: "Não sou saudosista. Odeio 'revivals'. Não acho que nada do meu tempo era melhor".

A direção do DVD é de Rodrigo Carelli --responsável pelo último DVD de Ivete Sangalo e diretor de "A Fazenda" (Record). "Ele é um amor de pessoa, aberto, tem bom gosto, e sua equipe foi superlegal", elogia.

Próximo disco
Se o trabalho atual, mesmo sob roupagem contemporânea, olha para o passado, o próximo será um disco de novidades. "Temos várias inéditas ainda em demo... Resta escolher as melhores e entrar no estúdio. Uma delas é 'O Povo Brasileiro', que faz um deboche e uma declaração de amor à loucura da nossa gente", adianta. "A inspiração não avisa quando aparece, só tenho de estar pronta para ouvir o que o santo diz quando baixa."

Roqueira convicta, alfineta o cenário atual. "Cada geração tem o rock que merece", dizendo gostar da banda Ruanitas. E lembra do roubo de seus instrumentos, em 2008. "Na hora que soube, foi como um estupro. No dia seguinte, fiquei deprimida, no terceiro dia, ressuscitei dos mortos, tive vontade de pegar a metralhadora. No quarto, meditei e entendi que nesta vida a gente deve se desapegar das coisas." Rita, que botou fogo na escola onde estudou --ou melhor, ela corrige: "Não exagere... Botei fogo no teatro da escola"--, diz que não é mais a ovelha negra da família. Mas explica: "Minha família antiga já não existe mais... Minha nova família é feita de ovelhas negras".

Publicado no Agora São Paulo, em 9/6/2009.

Por dentro do 'Programa do Ratinho'

Por Miguel Arcanjo Prado
Fotos Guilherme Lara Campos/Folha Imagem

Aos 53 anos, o apresentador Carlos Massa, o Ratinho, aposta no popular. E não tem vergonha disso. A reportagem acompanhou os bastidores do "Programa do Ratinho" que foi ao ar ao vivo, das 17h30 às 18h30, na última quinta-feira. Há um mês no ar, Ratinho recebeu a visita com a segurança de quem conseguiu triplicar a audiência do SBT no horário --seu programa marca entre 6 e 7 pontos no Ibope. Antes, o horário tinha 2 pontos.

De segunda a sexta, Ratinho segue para os estúdios do SBT, em Osasco, logo após sua caminhada matinal de uma hora. "Gosto de chegar cedo e ficar no meio da produção, dizendo põe isso, põe aquilo", conta. A uma hora de entrar no ar, tudo fica agitado. O apresentador faz a maquiagem e veste a roupa, separada pelo figurinista Luciano Amorim, que mudou o estilo do apresentador. "Antigamente, o programa era um circo. Então, eu colocava o Ratinho bem colorido. Agora, está mais sóbrio, mais chique", afirma Amorim.


Esquentando a plateia


Enquanto Ratinho se apronta, o produtor Daniel Modesto escreve as dálias --cartazes com informações para o apresentador, que não usa ponto eletrônico. "Escrevo as atrações e as marcações", conta. No palco, o músico Camilo Reis, vocalista da banda --de seis integrantes-- do programa, diverte a plateia com concursos de dança e de canto. "No estúdio, faz muito frio, então, é preciso esquentar a plateia. Converso, brinco e explico como funciona", diz.

Uma das instruções é que, diante de um discurso do apresentador, a plateia pode --e deve-- aplaudir com vigor e sapatear no tablado. O ensinamento é seguido à risca pela aposentada Izabel Bezerra dos Santos, 60 anos, assim que o programa começa. "Sempre assisti pela TV. É minha primeira vez e estou me divertindo muito. Estou amando essa energia", disse, espevitada.

Ratinho dá boa noite e logo chama uma reportagem sobre briga de torcedores. Daí, ele xinga e depois inventa passos de dança com o improviso sonoro da banda, antes de receber a secretária italiana Valentina Francavilla --que só fala italiano, e ele não entende nada. Depois, vai até o auditório e volta para fazer merchandising e discursar contra a bandidagem e os políticos. "Quem briga no estádio tem de apanhar na cara!", é um de seus gritos. A plateia aplaude, sapateia e grita o nome do apresentador, instigada pela produtora Vanessa Guzzo.

Depois, ele atende as ligações dos telespectadores, que tentam adivinhar quais das seis enfermeiras no palco são homens e quais são mulheres. Oferece R$ 1.400. Ninguém acerta. Sobe para R$ 2.000. Mais erros. Uma hora de programa voa, e tudo acaba com o boa noite. Já no camarim, enquanto termina de trocar de roupa, Ratinho diz ter "trocado a baixaria pela alegria". "Estou fazendo um programa alternativo, sem apelar." E tenta quantificá-lo. "A gente quer fazer 20% de jornalismo, 50% de humor, e o resto é entretenimento."

Questionado se não fica tentado a voltar com os testes de DNA, responde: "O Silvio Santos não quer. Se precisar, a gente faz, mas só se for tipo de um cantor famoso".

Ganhando menos

Para voltar ao ar, Ratinho teve de abrir mão de seu antigo salário. "Eu ganhava muito no SBT, quase R$ 2 milhões. Era um funcionário muito caro. Então, o Silvio me deixou fora do ar um ano porque decidiu que não queria mais baixaria. Ele me propôs uma sociedade, como fez com o Gugu e o Netinho. E está dando resultado, com lucro. Hoje, eu ganho menos, mas acredito que em dois meses vou ganhar o que ganhava." E Ratinho quer ser o rei da tarde? "Com certeza eu vou ser o rei da tarde. Eu acho até que a atração poderia ir até as 19h porque eu pegaria o público masculino também", diz, todo confiante.

No "Programa do Ratinho", Carlos Massa conta com dois companheiros para não ficar perdido no ar: Sombra e Xaropinho. O Agora desfaz o mistério, mostra os rostos e conta quem são eles.


Braços direitos do apresentador


O radialista Alvino Batista Soares, 52 anos, com quase 30 de rádio e 15 de TV, é a voz misteriosa do Sombra. "Certa vez, uma mulher me reconheceu pela voz no terminal Tietê. Achei esquisito", diz. Soares é uma espécie de segunda voz do apresentador. "O Ratinho não usa ponto eletrônico. Tenho de ficar atento a tudo o que ele fala. Porque, se ele esquece de alguma coisa, ele me chama."

O outro auxiliar de Ratinho é Eduardo Mascarenhas, 35 anos. Há dez ele dá vida ao boneco Xaropinho, cuja função é levar humor ao programa e servir de escada para as falas do apresentador. "Dou um tempero ao programa. O Ratinho é o Ronaldinho. A gente tem de jogar a bola para ele fazer gol", afirma.



Mascarenhas conta que Xaropinho tem um grande número de fãs adultos. "O Xaropinho não é um boneco pedagógico. Ele é entretenimento puro", filosofa. Para ele, assim como no caso da apresentadora Maisa, a espontaneidade de Xaropinho fez seu sucesso.

Dentro de um buraco no cenário, onde tem um monitor para acompanhar o programa, Mascarenhas já passou de tudo. "Já cortaram meu microfone, já levei sapatada. Mas o pior foi no dia em que minha mulher quis conhecer meu trabalho. A Rita Cadillac veio, e o Ratinho falou que eu tinha de beijar a bunda dela", conta, sorrindo. E beijou? "Eu não. Mas o Xaropinho sim". Então, tá.

Publicado no Agora São Paulo, em 9/6/2009.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Multishow Registro Ivete Sangalo - Pode Entrar

Na última terça-feira, estive em Salvador, onde entrevistei Ivete Sangalo, por conta do lançamento de seu novo disco. A cantora fez entrevista coletiva no Yacht Clube Bahia, ao lado do Porto da Barra, praia onde aprendi a nadar, aos seis anos, pulando do quebra-mar. Abaixo, o resultado dessa viagem.


A mistura de Ivete

Por Miguel Arcanjo Prado


"Eu moro na saída do Carnaval", diz Ivete Sangalo, para explicar onde fica sua casa, lugar no qual gravou em 12 dias o CD e o DVD "Multishow Registro Ivete Sangalo - Pode Entrar", que chegam às lojas nesta sexta-feira. O apartamento da cantora fica no alto do edifício Morada dos Cardeais, no Campo Grande, praça de onde partem os trios elétricos no Carnaval de Salvador, inclusive o dela. Ao fundo, o prédio tem a vista da baía de Todos os Santos.

Dona de uma intimidade disputada por revistas de celebridades, Ivete Sangalo resolveu mostrá-la no DVD. Ela aparece no vídeo acordando e escovando os dentes. "Meu público gosta de ver essas coisas. Foi para meus fãs que eu deixei tudo isso aparecer, meu cachorrinho, eu escovando os dentes. Mas o mais importante sempre foi a música. Por isso, prevaleceu o áudio e não a imagem na hora de escolher uma tomada. Todas as faixas que estão no DVD são as que valeram o áudio", afirma.

"O disco tem uma cara de simplicidade, apesar de toda a superprodução que o envolveu", diz a cantora. O registro audiovisual foi feito todo na casa de Ivete, em 12 dias, e vai ao ar hoje, às 21h30, no canal pago Multishow.

A cantora o define como um reality show com propósito musical. Mantendo a fidelidade à axé music --a percussão é marcante no álbum--, Ivete faz uma mistura corajosa de ritmos e nomes em seu novo trabalho (leia mais acima). Cantam a seu lado Maria Bethânia, Marcelo Camelo, Lulu Santos, Aviões do Forró, Carlinhos Brown, Saulo Fernandes e Mônica San Galo, sua irmã. Vanessa da Mata foi convidada, mas não pôde participar porque estava na Europa nos dias da gravação. "Meu critério de escolha foi o talento desses artistas. Dentre todos, destaco Maria Bethânia, que era meu sonho antigo de consumo. Fazia duetos com ela desde pequena. Colocava o vinil e cantava junto."

O clima intimista resultou em faixas como "Teus Olhos", com Marcelo Camelo, com ares de bossa nova, e em baladas românticas como "Meu Segredo" e "Agora Eu Já Sei" --esta última com cara de trilha sonora de novela dos anos 80. Ivete ainda bebeu na fonte do forró e do zouk, sem deixar de lado, é claro, aquelas canções que farão sucesso nos trios, colocando os foliões para dançar.

"O que mais me orgulha nesse trabalho é a forma como Salvador foi colocada. A minha terra é essa, e é daqui que tiro tudo o que sei", diz. Enquanto, no DVD, os sete convidados ilustres entram e saem do estúdio montado em sua casa, a cidade surge como cenário para bate-papos, seja no tabuleiro da baiana do acarajé, seja com sua empregada Sandra, tão presente quanto os artistas. Ao todo, são 17 músicas.

A Banda do Bem, que acompanha a cantora há dez anos, também está no trabalho. "Toda a concepção musical foi feita de forma coletiva e muito natural", conta. O novo álbum é a primeira empreitada da cantora na Caco Discos, da qual é dona, em parceria com a Universal e o Multishow. Isso significa um momento de maior domínio da carreira? "Sempre controlei minha carreira. Gosto da parceria com a Universal e o Multishow. Uma andorinha só não faz verão".

O QUE IVETE DIZ DOS CONVIDADOS

Maria Bethânia
Maria Bethânia é um sonho de consumo para qualquer artista. Quando despontei na Banda Eva, a Bethânia deu uma entrevista e falou que eu seria uma grande cantora, quiçá a maior do país. Ela se encaixou nesse projeto com todas as honras.

Lulu Santos
Minha relação com o palco tem a ver com que eu vi dele nos shows que ele fazia em Salvador. Eu falava para o meu pai: eu te ligo quando acabar. Porque em show de Lulu você nunca sabe quando termina.

Saulo Fernandes
Saulo é um pé quente danado. A presença dele é incrível.

Mônica San Galo
Sempre queríamos fazer algo juntas, mas náo achávamos a sintonia certa. Ela me dizia, com você pulando no palco eu não vou, não! Esse disco foi o momento adequado para esse encontro acontecer

Aviões do Forró
Tem coisa melhor do que Aviões do Forró, minha gente? O contemporâneo é muito bem vindo no disco. Prefiro desfrutar deles agora.

Marcelo Camelo
Camelo e eu ficamos amigos no DVD do Sandy e Jr. Depois, fiquei sabendo que ele tocou "Flor do Reggae"em um show que fez em Salvador. Ele é um querido de coração aberto. Quando o conheci fiquei surpresa porque ele sabia cantar todo o meu repertório.

Carlinhos Brown
Brown é aquele entusiasmo físico. Eu conheço ele de há muito tempo e sei do potencial que ele tem.

FAIXA A FAIXA DO DISCO

1 - "Balakbak"
(Esquisito/Pururu/Binho Nunes/Sand Vidal)
A faixa que abre o disco traz uma Ivete com ares tropicalistas, num ritmo percussivo daqueles que dá vontade de sair dançando o "swing gostoso", como diz a letra.

2 - "Cadê Dalila"
(Carlinhos Brown/Alain Tavares)
Consagrada no último Carnaval, a canção impressiona pela coragem da cantora em misturar ritmos percussivos árabes e baianos. E não é que deu certo? O refrão levanta qualquer plateia.

3 - "Teus Olhos"
(Marcelo Camelo)
Ivete surge com voz grave e serena, em um clima bossa nova, ao lado do ex-Los Hermanos Marcelo Camelo, também cantando baixinho. Canção para escutar sem nenhum outro barulho.

4 - "Agora Eu Já Sei"
(Ivete Sangalo/Gigi)
A música lembra trilha de novela das oito dos anos 80, com forte presença do teclado e letra de rima fácil e pegajosa. Balada romântica para tocar na FM.

5 - "Brumário"
(Lulu Santos)
A música de Lulu Santos ganha a baianidade típica de Ivete, por mais que a guitarra pesada ainda soe. Apesar do domínio da percussão, a música ainda é de Lulu, sobretudo quando sua voz, inconfundível, entra.

6 - "Meu Segredo"
(Ramon Cruz)
Ivete volta a cantar sozinha nessa simples balada romântica que fala de dor-de-cotovêlo.

7 - "Completo"
(Ivete Sangalo/Gigi)
Ivete canta em dueto com a irmã mais velha, Mônica San Galo. A voz de Ivete fica suave diante da potência do grave da irmã. A faixa é o momento família do disco. A música lembra aquelas canções de formatura na escola.

8 - "Eu Tô Vendo"
(Ivete Sangalo/Gigi/Fabinho O'brian)
A faixa traz forte pegada percussiva do timbal e chama o balanço do corpo. Música feita para cantar no trio.

9 - "Na Base do Beijo"
(Alain Tavares/Rita Mendes)
Bem dançante, a faixa tem guitarra pesada e percussão onipresente, além de um verso que se repete quatro vezes na mesma estrofe: "Vamos namorar beijar na boca". Perfeita para micareta.

10 - "Sintonia e Desejo"
(Ivete Sangalo/Gigi)
O forró invade o disco nesta faixa, que tem participação da banda Aviões do Forró. Descontraída, a música foi feita sob medida para um bom arrasta-pé. Para dançar coladinho.

11 - "Oba Oba"
(Ivan Lawinscky/Ivan Brasil/Sinho Maia)
Espécie de axé misturado com o ritmo africano zouk, que encantou Ivete em sua viagem a Angola. A canção fala das ligações da Bahia com a África.

12 - "Viver com Amor"
(Ramon Cruz)
Bastante pop e com cara de anos 80, a música traz a leveza com que os baianos encaram a vida, com aquela certeza eterna de felicidade expressa na letra.

13 - "Vale Mais"
(Ivete Sangalo/Ramon Cruz)
Ivete repete a dobradinha romântica que deu certo no último disco e faz mais um dueto no estilo com Saulo Fernandes, da Banda Eva.

14 - "Meu Maior Presente"
(Ramon Cruz)
Canção pop com presença marcante da bateria. Tem letra romântica que fala do "amor que hoje eu levo dentro do meu peito".

15 - "Quanto ao Tempo"
(Carlinhos Brown/Michael Sullivan)
Apesar de Ivete dizer que a faixa é um "rock progressivo", a canção está mais para música açucarada das madrugadas das FMs. Carlinhos Brown canta junto.

16 - "Muito Obrigado Axé"
(Carlinhos Brown)
Maria Bethânia faz dueto com Ivete, na canção que fala dos orixás e do candomblé. Apesar da postura reverente de Ivete diante de Bethânia, a dona do disco canta à altura da convidada. O melhor do álbum.

17 - "Não me Faça Esperar"
(Fabinho O'brian)
O samba-reggae tem levada gostosa, percussão baiana, forte presença dos backings vocais e aquela cara de música de Ivete Sangalo. Fecha o disco com a cara da artista.


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Luluzinha vira adolescente

Por Miguel Arcanjo Prado

Após o êxito de "Turma da Mônica Jovem", com vendas na casa dos 400 mil exemplares, mais uma personagem cresce. A Ediouro lança nesta sexta-feira, com 100 mil exemplares, a primeira edição mensal de "Luluzinha Teen e Sua Turma", com traços em mangá. Ela, Bolinha e seus amigos surgirão com 16 anos.

O embate entre meninas e meninos ficou para trás. "Hoje, os adolescentes estão todos juntos. Fizemos pesquisas, e os leitores mostraram que queriam que eles crescessem", diz Daniel Stycer, editor-chefe, que trabalha com outros nove profissionais. O projeto foi desenvolvido pela Labareda Design, e Renato Fagundes assina o roteiro.

Stycer não gosta de falar em concorrência com Mônica. "Há leitores ávidos por histórias legais. Tem mercado para todo mundo."

Fotos: Divulgação

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Foto do fim de semana



Este vosso Arcanjo na entrada do Cine Marabá, em São Paulo, no dia de sua reabertura ao público, no último sábado (30).

Foto: Robson Ventura/Folha Imagem

domingo, 31 de maio de 2009

Última chance

Este domingo (31) é o último dia para ver em São Paulo dois espetáculos que deram o que falar:

O primeiro é "Lúcio 80-30", escrito e dirigido por Lúcio Mauro Filho para homenagear seu pai, o grande comediante Lúcio Mauro. Outros dois filhos do ator participam da peça: Alexandre Barbalho e Luly Barbalho. Tudo se passa em um hospital onde Mauro convalesce, e o filho o convence a fazer uma peça em família. O texto e a direção são ruins, mas ver Lúcio Mauro, o pai, em cena vale a pena! Veja serviço.

O segundo que deixa Sampa é "7 - O Musical", uma espécie de versão moderninha e bastante surreal para a história de Branca de Neve. Da dupla competente Botelho & Möeller, a peça traz Rogéria em ótimo momento. Neste sábado, estive na plateia e, ao fim, ela foi a única do elenco que saiu para o hall do teatro Sérgio Cardoso para conversar com seus fãs. Diva com consciência. Veja serviço.

Cine Marabá reabre no centro de SP

Por Miguel Arcanjo Prado

Depois de passar por uma reforma de R$ 8 milhões, foi reaberto ontem o Cine Marabá, na av. Ipiranga, 757. Fundado em 1945, o prédio estava fechado desde 2007. A sala original de 1.655 lugares foi transformada pelo arquiteto Ruy Ohtake em cinco salas, com total de 1.022 poltronas. Na sala 1, a maior, cabem 430 pessoas. "Nela, serão exibidos grandes lançamentos e filmes em 3D", diz Elda Bettin Coltro, presidente do grupo Playarte, responsável pela empreitada. "O Marabá ficou moderno respeitando as características da sala que faz parte da história."

Oito longas são exibidos e cerca de 20 postos de trabalho foram criados, como o do atendente Tadeu Muniz, 21 anos, que estava desempregado havia seis meses. "Vou poder também ver os filmes", comemora.

A operadora de trânsito Claudirene Silva, 41 anos, levou os filhos, Adriano, 19 anos, e Igor, 6 anos. "Moro no centro e venho aqui desde os 14 anos. O Marabá faz parte da minha história".

O casal Paulo Moraes, 66 anos, e Amália Fazia, 65 anos, também ficaram nostálgicos. "Eu me produzia toda e tomava o bonde para vir", lembra Amália. "Para homens, terno e gravata era obrigatório", diz Moraes. Eles só reclamaram da falta de estacionamento. A dona do cinema responde: "Fizemos um convênio com o estacionamento do Bar Brahma [R$ 12]. Assim, após o cineminha, o público pode beber algo". Outra dica é ir de metrô, já que o Marabá fica próximo à estação República.

Confira aqui a programação do Marabá.

Publicado no Agora São Paulo, em 31/5/2009. Foto: Cibele Simões/Divulgação.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Coluna do Miguel Arcanjo nº 157

UM SHOW PARA A HISTÓRIA

Por Miguel Arcanjo Prado


Ao chegar ao Teatro Municipal, por volta das 20h da última terça-feira (26), com a missão de cobrir o show “Elas Cantam Roberto – Divas” para o jornal “Agora São Paulo”, deparei-me com o grande alvoroço. Muita gente, carros e flanelinhas cobrando R$ 50 para guardar o carro nas ruas do centro de São Paulo. Na porta, os rapazes do “Pânico” e do “CQC” faziam a alegria dos populares, apesar da fraca lista de celebridades na plateia. Não no palco.

O ministro dos Esportes, Orlando Silva, foi um dos primeiros a aparecer no imponente saguão, acompanhado da mulher, a atriz Ana Petta. Perguntei a ele qual música gostava do repertório do Roberto. Ele disse que era “Amigo”, porque a família costumava cantar no Natal quando ele era pequenino. Fiz a mesma pergunta ao prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que me respondeu: “Nenhuma”. Pelo jeito, ele não deve gostar muito do Rei e estava ali apenas como político. Tudo bem.

A imprensa estava um pouco perdida antes de o show começar. Como não havia celebridades a se fotografar, os ricos acabaram ganhando os flashes. Não os meus, evidentemente, que tratei logo de entrar, ao ouvir o terceiro sinal. Mário Canivello, assessor do evento, foi bonzinho dessa vez e me colocou na terceira fila, de cara para o gol, quer dizer, para o palco. Seria um lugar realmente mais privilegiado, se não fossem os dois obesos ao meu lado.

Marcado para 21h, o show não atrasou tanto, sobretudo quando os parâmetros de comparação são os joãogilberteanos. Ás 21h35, as cortinas do Municipal se abriram, e Hebe Camargo surgiu esplendorosa em um vestido branco e com joias que só ela consegue sustentar. Cantou “Você Não Sabe” (Roberto/Erasmo Carlos) em uma interpretação contida e afinada. Saiu ovacionada e aos gritos de “Gracinha!!!”.

Depois foi a vez de mãe e filha, Zizi e Luiza Possi, entrarem para cantar “Canzone per Te” (Sergio Endrigo/Segio Bartotti). Apesar de o microfone de Luiza não ter funcionado no começo, elas cumpriram o combinado. Zizi, ainda bem nervosa, errou a introdução de “Proposta” (Roberto/Erasmo Carlos), que cantou sozinha.

Mas logo elas foram esquecidas pelo público, quando este viu entrar Alcione, a nossa Aretha Franklin. Ela fez o que bem quis com “Sua Estupidez” (Roberto/Erasmo Carlos). A segurança era tanta que parecia que ela estava cantando em uma pracinha do Andaraí. Coisa de quem pode.

Fafá foi a seguinte, tímida no começo, mas esfuziante em seu vestido preto justo. Com maquiagem e penteado sereno, fez “Desabafo” (Roberto/Erasmo Carlos). Com o desenrolar da música, ganhou confiança e saiu com seu sorriso marcante. Celine Imbert seguiu com “A Distância” (Roberto/Erasmo Carlos), numa interpretação que prometia muito mais do que mostrou, já que era a única cantora lírica no evento. Não marcou.

Logo após, Daniela Mercury surgiu para ser o grande mico do show. Acompanhada por bailarinos, negros e lindos, surgiu de vestidinho curtíssimo para cantar “Se Você Pensa” (Roberto/Erasmo Carlos). O problema foi que seu microfone estava desligado e ela não percebeu isso até cantar os três primeiros versos. Após o vexame, voltou para trás do palco e fez tudo de novo. Um painel gigante de Roberto jovem testemunhou tudo.

A baiana melhorou um pouco quando entrou Wanderléa, que parecia sua irmã gêmea, com um figurino tão duvidoso quanto. As duas foram as únicas de pernas de fora. Se bem que Wanderléa estava, no mínimo, sendo autêntica com seu passado. Fizeram dueto em “Esqueça” (Mark Anthony/versão de Roberto Corte Real) e o público esqueceu os bailarinos equivocados de Daniela.

Depois, Wanderléa fez sozinha “Você Vai Ser o Meu Escândalo” (Roberto/Erasmo Carlos), enquanto imagens dela e de Roberto na juventude eram projetadas. A Ternurinha fez uma apresentação memorável, digna de Diva. Cantou com a verdade que só a vida dá e ganhou um buquê de rosas vermelhas que levou para a coxia.

Rosemary parecia uma boneca Barbie com seu longo e luvas cinza. Primeira a cantar com pedestal, ela fez direitinho “Nossa Canção” (Luiz Ayrão). A plateia ajudou e cantou junto. Fernanda Abreu trouxe os backings vocais para a frente do palco para cantar a politizada “Todos Estão Surdos” (Roberto/Erasmo Carlos). De vestidinho estampado, pediu a plateia para marcar o ritmo com palmas e berrou: “Eu quero ouvir o Municipal”. Pelo menos conseguiu imprimir seu estilo. Mesmo que duvidoso.

Paula Toller fez uma chatíssima versão, já conhecida, de “As Curvas da Estrada de Santos” (Roberto/Erasmo Carlos). Tipo daquelas que não ficam na lembrança. Melhor pular para a próxima.

Quem dormiu durante a apresentação da pseudo-roqueira logo acordou quando Marília Pêra entrou para fazer “120, 150, 200 km por Hora” (Roberto/Erasmo Carlos). Ela exagerou na interpretação de tintas fortíssimas que a fizeram parecer uma destrambelhada no palco. Mesmo assim, valeu a pena. De tão assustado, o público ovacionou no fim. Afinal, quem não arrisca não petisca.

Marina Lima surgiu de guitarra vermelha para cantar “Como Dois e Dois” (Caetano Veloso). Para quem a esperava vê-la sem voz, como tem andando nos últimos tempos, ela até que cantou muito bem. Depois, Sandy surgiu afinada, apesar da voz treme-treme, para fazer “As Canções Que Você Fez pra Mim” (Roberto/Erasmo Carlos), sob uma luz etérea. Bonitinha.

Mart’nália transformou tudo em sambão, ao cantar “Só Você Não Sabe” (Roberto/Erasmo Carlos). Também trouxe para frente os backings, que sambaram junto. A filha de Martinho mostrou segurança e irreverência que só quem é da Zona Norte é capaz de ter, a não ser que seja Cazuza.

Adriana Calcanhotto teve que enfrentar uma leve microfonia ao entrar, mas aguardou sereníssima, até que pudesse se sentar em seu banquinho, empunhar seu vilão e ser a única a esnobar a orquestra. Cantou “Do Fundo do Meu Coração” (Roberto/Erasmo Carlos).

Claudia Leitte surgiu logo após, um pouco insegura. Dava para ver que não ela não era dona do espaço e que o coração batia forte. Foi esperta e cantou “Falando Sério” (Maurício Duboc e Carlos Colla) mais contida, ainda não acostumada a um palco que a deixe tão presa. E tão solene.

Nana Caymmi chegou ao centro do palco auxiliada por um produtor. Mesmo com a saúde e voz debilitada, mostrou de quem é filha ao cantar “Não Se Esqueça de Mim” (Roberto/Erasmo Carlos). O sangue falou mais alto e ela parecia muito feliz. Mesmo. Ana Carolina veio de “Força Estranha” (Caetano Veloso). Encarou o público olho nos olhos o tempo todo, como faz em seus shows que alegram a mulherada, e abriu a tal voz tamanha.

Quando Ivete Sangalo surgiu, para cantar “Os Seus Botões” (Roberto/Erasmo Carlos) e “Olha” (Roberto/Erasmo Carlos), a plateia foi ao delírio, o que deixou bem claro quem das 20 era a mais popular, com todo o significado comercial que isso implica. Entre as duas músicas que fez, quebrou o protocolo estabelecido pela diretora do show, Monique Gardenberg, e falou com a plateia. “Estou bonita?”, perguntou, com sua modéstia habitual. Exibiu a barriga de cinco meses. Pediu aplauso à banda. Declarou amor ao Rei. E, tagarela que só, coube a ela chamá-lo.

De azul, Roberto surgiu e todos se levantaram, em reverência. Sozinho, cantou a tão previsível e sempre emocionante “Emoções” (Roberto/Erasmo Carlos). Afinal, são 50 anos de carreira, né? Todo mundo cantou em uníssono. Depois, o Rei convocou as 20 divas para, com ele, cantarem “Como É Grande O Meu Amor por Você” (Roberto/Erasmo Carlos). Sem dúvida, o momento de maior emoção do show. O gol de final de Copa do Mundo, para usar as metáforas futebolísticas tão apreciadas por nosso presidente.
Foi lindo ver as estrelas disputando a atenção do Rei, cantando cada qual um versinho para ele. Hebe ficou com ciúmes da mão-boba de Roberto nas costas de Luiza Possi. Nana Caymmi quase voava. Claudia Leitte deu beijinhos e carinhos sem ter fim no Rei. Wanderléa sorria com a verdade de seu passado.

A cortina fechou e tudo ainda parecia sonho. Mas logo abriu para o bis generoso: “É Preciso Saber Viver” (Roberto/Erasmo Carlos). Mas logo tudo acabou. E eu fiquei ali sentado, com gostinho de quero mais.

Ps. Quem não teve o privilégio de ver as duas horas de show ao vivo poderá vê-lo em versão editada com 70 minutos, neste domingo, após o “Fantástico”, na TV Globo.



*Miguel Arcanjo Prado é jornalista e é fã de Roberto Carlos desde o ano passado, quando assistiu a um show do Rei pela primeira vez. Se quiser saber como foi esse outro momento, clique aqui.

Fotos: Marcos Hermes/Divulgação