quinta-feira, 13 de maio de 2010

Nara Lofego Leão

Narinha...
Sempre fui apaixonado por ela. Não sei se porque ela sempre me lembrou minha mãe...
Quem mora em Sampa, pode ver o musical sobre a cantora cheia de opinião idealizado pela ótima atriz Fernanda Couto, que interpreta a cantora. Quem se interessou e quer saber mais, é só ler a crítica e a reportagem sobre o musical feitas por mim para o portal R7 sobre o espetáculo, logo abaixo, com fotos do espetáculo e da Narinha de verdade.










CRÍTICA:Musical Nara acerta na beleza da simplicidade

Fernanda Couto e seus três músicos criam atmosfera aconchegante para a musa da MPB

Miguel Arcanjo Prado, do R7


Nara Leão foi muito mais do que a musa da bossa nova ou a moça que tinha os mais belos joelhos da MPB. Apesar de sua meiguice evidente em cada canção ou entrevista, Nara tinha força, presença e, antes de tudo, opinião. A famosa opinião de Nara.

O musical que leva o nome da artista, em cartaz no teatro Augusta, em São Paulo, às quartas e quintas, tem o mérito de reavivar a memória da cantora, em tempos cada vez mais desmemoriados. A atriz Fernanda Couto, que vive a artista no palco e é responsável pela gestão do espetáculo, surge despretensiosamente no corredor do teatro ao som de Diz que Fui por Aí. O público olha para trás em busca da dona daquela voz e, a partir daí, a música de Nara se faz.

Sob direção de Márcio Araújo e direção musical de Pedro Paulo Bogossian, Fernanda é acompanhada no palco por três excelentes músicos: Rogério Romera, Sílvio Venosa e Rodrigo Sanches. Além de tocar e fazer coro, eles fazem às vezes de atores, interpretando os homens que passaram pela vida de Nara. E que homens: Roberto Menescal, Ronaldo Bôscoli e Cacá Diegues são apenas alguns de uma extensa lista que engloba boa parte da cultura nacional na segunda metade do século 20. E o trio de músicos tem a graça e virilidade necessárias para contrabalancear a meiguice de Nara.

Com açúcar e com afeto, Fernanda – que tem a mesma beleza simples da cantora – ora vive a própria Nara ora fala dela na terceira pessoa, como uma artista em busca de outra tão semelhante de si. Há momentos de extrema consternação, quando a plateia vira o público dos famosos festivais da Record nos anos 1960 e canta em uníssono A Banda junto do elenco. E ainda emocionantes, como quando o público percebe que Nara já sente reflexos do tumor cerebral, que a matou em 7 de junho de 1989 com apenas 47 anos de idade, mas que jamais conseguiu calar a voz da menina mais doce que já existiu em nossa música.

O mérito do musical Nara é, em tempos de cenários mirabolantes e elencos grandiosos de produções importadas da Broadway, mostrar que a beleza pode estar escondida em um tipo de arte que só existe por aqui, arte da qual Nara foi e é porta-bandeira.

Nara
Quando:
quartas e quintas-feiras, às 21h (temporada: de 21/4 a 24/6)
Onde: Teatro Augusta - r. Augusta, 943, Cerqueira César, São Paulo, SP
Quanto: R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada)
Informações: (11) 3151-4141; classificação livre

Publicado no R7 no dia 13/05/2010.












REPORTAGEM
Musical em São Paulo revive Nara Leão

Atriz Fernanda Couto vive a musa da bossa nova e grande intérprete da MPB

Miguel Arcanjo Prado, do R7


Foi a partir do apartamento de Nara Leão que a bossa nova ganhou expressão. A musa do movimento depois descobriu nomes que vão de Chico Buarque a Maria Bethânia, além de fazer o histórico show Opinião, no qual deu foco a sambistas dos morros cariocas.

Lenise Pinheiro e DivulgaçãoFoto por Lenise Pinheiro e Divulgação
Nara em duas versões: a atriz Fernanda Couto (à esq.) e a Nara original (à dir.)

Passagens como essas mudaram a história da MPB e serão contadas no musical Nara, que estreia em São Paulo nesta quarta (21), às 21h, no teatro Augusta, com a atriz Fernanda Couto no papel título.

A montagem é fruto de pesquisa da própria Fernanda, apaixonada por Nara desde criança, quando a ouvia no rádio. No palco, será a única mulher na companhia dos atores-músicos Rogério Romera, Sílvio Venosa e Rodrigo Sanches, sob direção de Márcio Araújo e direção musical de Pedro Paulo Bogossian.

- Nara sempre estava cercada de figuras masculinas, como Ronaldo Bôscoli [de quem foi namorada], Chico Buarque [o grande amigo] e Cacá Diegues [com quem casou].

A atriz teve a ideia do espetáculo em 2007, quando passou a pesquisar a vida da cantora. O projeto foi adiado para não bater com os 50 anos da bossa nova, celebrados em 2008. A pesquisa minuciosa trouxe farto material.

- Todas as frases que a Nara diz na peça foram ditas por ela mesma em entrevistas.

O espetáculo segue a ordem cronológica da vida da cantora, dos 11 anos 47 anos, quando ela morreu de câncer. A trajetória é ilustrada por uma seleção de 20 músicas de seu repertório, como A Banda e Opinião.

Ouvir Nara traz nostalgia para a jornalista Tellé Cardim, editora de Cultura da Record. Ela foi responsável pela divulgação da cantora em São Paulo na década de 1960.

- Depois do Festival da Record de 1966, no qual ela tirou o primeiro lugar com A Banda, ao lado de Chico Buarque, Nara me telefonou e perguntou se eu queria ser assessora de imprensa dela. Eu aceitei e a acompanhava nas entrevistas e em shows no interior.

A jornalista lembra com carinho da amiga que conheceu em um almoço na casa do dramaturgo Oduvaldo Vianna Filho, criador da série A Grande Família.

- Ela era muito inteligente e caseira. Nara gostava de pesquisar a música brasileira. Não tinha preconceito e possuía posicionamento político, sempre apoiando a esquerda. Era uma pessoa especial e que faz falta. Espero que esse espetáculo mostre à juventude atual a importância que Nara teve na história do Brasil naqueles anos de chumbo.

Para o sociólogo Daniel Martins, pesquisador da MPB na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), Nara marcou seu nome na história “ao dar voz a grandes compositores ainda desconhecidos”.

- Nara tinha um respaldo muito grande. Ela dava luz a qualquer coisa que cantasse. Esse foi seu grande legado. Ela transitou bem por todos os núcleos da MPB, da qual foi uma das maiores estrelas.

Publicado no R7 no dia 21/04/2010.

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